Uma jovem e talentosa cantora fazia um sucesso considerável na década de 1990 no Canadá e, aos 21 anos, resolveu exercitar sua raiva e perspicácia pós-adolescentes em um álbum, seu terceiro (ela era precoce). O resultado – o disco Jagged Little Pill – vendeu 30 milhões de cópias desde 1995 e fez de Alanis Morissette trilha sonora de uma geração. Mais de dez anos se passaram e a já nem tão jovem Alanis se apresentou ontem à noite no Via Funchal, em São Paulo, durante sua quinta passagem pelo Brasil.

Muita coisa aconteceu nesse meio tempo. Alanis teve mais desilusões amorosas, brincou de interpretar Deus no cinema, viajou à Índia, descobriu o budismo, virou vegetariana. Seu amadurecimento está paulatinamente refletido em outros quatro álbuns, o último deles – Flavors of Entanglement – do ano passado, composto na fossa, pouco depois de romper um noivado. O temperamento explosivo e indignado que inspirou a devoção de garotas e garotos deu lugar a letras ponderadas e conscientes, posicionando a cantora no terreno do pop adulto.
Tudo isso é para dizer que Alanis mudou, assim como seu público, que cresceu junto com ela e acompanha sua carreira. Boa parte dele, pelo menos da base de fãs brasileira, está podendo ver de perto a cantora, que resolveu cantar em 11 cidades do país. No show em São Paulo, com ingressos esgotados, o apoio desse público ficou evidente. Na pista lotada, ecoavam gritos insistentes de “Alanis, Alanis” antes mesmo do horário de início. O atraso de meia hora, então, só provocou maior intensidade, inclusive para bandeiras do Canadá tremularem no vento do ar-condicionado.

Depois do show na capital paulista, Alanis segue para o Rio de Janeiro (dia 4), Belo Horizonte (dia 5), Florianópolis (dia 7) e Porto Alegre (10).
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